Wednesday, November 28, 2007

Pergunta/Resposta_4

Senhor Prior,

Ando preocupadíssima, com o problema da fé dos meus. Procurei dar uma educação cristã, nos melhores Colégios Católicos e, hoje, com dor de alma, vejo que eles e elas não vivem e não testemunham a fé que eu via e sentia nos meus pais, avós e tios. Os meus netos actualmente também frequentam os Colégios Católicos, mas não vejo nenhuma mostra da fé. Muitas vezes, pergunto a mim mesma, onde teria eu errado?
Uma avó amargurada e preocupada,
Mariazinha

Avozinha,

Compreendo a sua preocupação que deve ser também de muita gente católica, avós, pais e tios, pois esse ambiente pagão está a minar as nossas famílias cristãs, onde já não se respira a religiosidade e interesse para a vida espiritual.
Eu tenho para mim que não deveríamos procurar ver, onde falhamos no passado, ou culpabilizar, quem quer que fosse, embora isso pudesse até ser de alguma utilidade. Devemos sim assumir que todos nós temos alguma culpa, nem que seja de termos cruzados os braços pelo facto de termos dado uma «boa formação cristã, nos melhores colégios». Igualmente, não seria atitude cristã e sensata cruzar os braços, dizendo que não há nada a fazer.
É verdade que muitos pais, hoje avós, tiveram esta atitude e, se calhar alguns pais no presente, continuam a fazê-lo. Esforçaram-se, com grandes sacrifícios monetários, em dar uma «boa formação cristã, nos melhores colégios», que na prática nem sempre deu grande resultado! Após a vida nos bons Colégios não continuaram na vida cristã. Infelizmente são muitos os jovens e as jovens, hoje adultos, que não têm Deus na suas vidas, talvez O tenham como conceito, como doutrina, mas isso não chega.
Julgo que não devemos culpar os Colégios Católicos. Eles têm uma missão de instruir e educar, mas os pais e as Comunidades não podem ficar descansados. A educação cristã é muito mais do que meter as crianças nos bons Colégios ou na Catequese. É muito importante acompanhá-las no crescimento e na maturidade da fé que são tarefas árduas e morosas, exigindo dos pais e das Comunidades testemunhos da vivência cristã, isto é, não só a vida de oração e a vida sacramental, mas também as acções diárias devem espelhar a nossa ligação com Deus e com os irmãos.
Somos seguidores de Jesus Cristo e isso implica não só ter conhecimentos dos Seus ensinamentos, mas também pôr em pratica a Sua doutrina. É uma pena nós ficarmos apenas no plano conceptual, com boa formação, tendo dificuldade em fazer passar ao nosso coração à nossa vida o que Jesus nos ensinou e o que Ele fez. Além disso, nós os baptizados temos de ter a consciência de que Jesus hoje vive e actua na Sua Igreja à qual nós pertencemos e que nEla o Divino Espírito Santo faz crescer o Seu amor e prepara a nossa Caminhada para o Pai. O próprio Jesus sintetizou os grandes Mandamentos de Deus em duas para nos ajudar a crescer na Fé: «o Amor de Deus e o Amor do próximo». Não basta saber de cor, será ao longo da vida de cada um que nós temos de nos esforçarmos para viver este grande preceito de amor. Como é evidente o nosso Mestre além de nos dar esse Mandamento, deu-nos também outros meios para a nossa santificação, sendo os sete Sacramentos os mais ricos meios que nos ajudam em vários momentos da nossa vida cristã, desde o nascimento até ao último suspiro.
O Prior

Pergunta/Resposta_3

Senhor Prior,

Oiço sempre o Sr. Padre a lembrar-nos de que somos baptizados, melhor, de que recebemos a vida divina no baptismo e, por isso, devemos ser santos. Ainda nesta semana ouvi este apelo, mas tenho dificuldade de compreender, pois eu não sou muito de rezar e muito menos de ir sempre a Igreja. Além disso, tenho uma amiga que é toda metida na Igreja, reza e vai à Missa mas, na Universidade é um mau exemplo para toda a gente! Outras vezes, penso se será que a Igreja quer que seja uma Madre Teresa de Calcutá ou uma Santa Teresinha?
Poço esperar alguma resposta para esta católica não muito assídua, mas que não me sinto «NÃO PRATICANTE»,
Juliana





Viva Juliana,
Fico satisfeito de saber que o apelo que faço a santidade de vida faz algum eco nas pessoas e acho que não faço senão a minha obrigação de cristão e sacerdote, isto e, de interpelar a mim mesmo e os outros para a santidade, pois Jesus deu-nos esta nova vida e quer que nós a vivamos, neste e mundo, e um dia na Gloria do Pai.
Mas, Juliana, na tua cartinha dizes algumas coisas que eu gostaria sublinhar. Parabéns por não ser “não praticante”, pois, alguns até se orgulham desse estatuto. Ter alguma vida cristã já é alguma coisa, quase uma pitada desse grãozinho da semente da mostarda de que nos falou Jesus, há semanas, e, pouco a pouco, irás sentir a necessidade de crescer na intimidade de Deus. Sabes Juliana já estás no caminho da santidade! Andas ainda a gatinhar ou mesmo rastejar…! Como sabes, para gatinhar é necessário força e para rastejar também precisa de um chão que ajude a deslizar. Tudo isso se consegue na ORACÃO que é muito mais do que papaguear frases, mas sim deixar que Cristo tome posse do teu coração e um dia, de certeza, que dirás como S. Paulo “já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim”. Juliana já ouvistes e até cantastes essa canção do Pe Zézinho: “Um dia uma criança”? Que as tantas o refrão nos faz cantar: “Amar, como Jesus amou, sonhar, como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu!”. Ser santo (a) é imitar Jesus, é deixar que Ele faça parte de mim mesmo (a). Não posso ter uma vida ligado a Deus, enquanto rezo ou estou numa Igreja ou em qualquer parte, e uma outra, em que Deus não tem lugar na minha vida. Só isso e não tem de ser uma Beata Teresa de Calcutá ou uma Santa Teresinha. Elas e eles, são exemplos para nós caminharmos, com Jesus, não nos esquecendo dos irmãos que nos rodeiam. Elas conseguiram, porque não nós? Força Juliana!
Tenho pena de teres um mau exemplo nessa tua amiga, “toda metida na Igreja…”, mas que é um péssimo exemplo de cristã.. Alto lá, Juliana! É certo que atitude da sua amiga é censurável, por isso, se és amiga dela, deves ajudá-la . Também é bom termos presente que, se calhar, ela vive uma luta interior que nós não conhecemos, sendo talvez esta a razão porque ela continua «metida na Igreja, reza e celebra a Eucaristia», pois há almas que fazem tudo isso e não conseguem mostrar a pureza da vida cristã, nas suas acções diárias, mas continuam a lutar. Por isso, antes de mais, tu e eu devemos rezar por ela.

O Prior.

Pergunta/Resposta_2

Senhor Prior,
Não que eu seja «cusca», mas há duas semanas ouvi uma conversa da minha avó com uma grande amiga dela, sobre uns escritos da Paróquia, onde o Prior responde às perguntas das pessoas e que as pessoas gostavam muito. Consegui ler e fiquei muito admirada e bastante elucidada. Só que passaram tantas interrogações na minha cabeça que, de certeza, não consigo escrever. Mas, lembrei-me duma coisa. Não há muito fui ao casamento religioso duma pessoa amiga e qual não foi o meu espanto quando vi o padre vestido de uma forma diferente de habitual e, às tantas uma colega segredou-me dizendo que ele era um homem casado. Será isso possível?
Inês
Viva Inês,
Estando a ler a sua cartinha quase que receei vir uma chuva de perguntas! Às vezes, há conversas boas que vale a pena escutar e ainda bem que provocou curiosidade em ler a nossa Folha. Mas vamos a sua pergunta. Nessa celebração do Sacramento de Matrimónio ou de Casamento que a Inês foi uma das convidadas e o que a menina viu, sim, foi um homem vestido pouco diferente do habitual, com uma faixa transversal de ombro à cintura, e que, de certeza, devia ser um homem casado. Pois, desde o início do cristianismo, existe este ministério ordenado na Igreja que se chama Diácono. Foi um ministério que os Apóstolos criaram, logo nos primórdios da Igreja.«Por esses dias, como o número de discípulos ia aumentando, houve queixas dos helenistas contra os hebreus, porque as suas viúvas eram esquecidas no serviço diário. Os doze convocaram, então, a assembleia dos discípulos e disseram:”não convém deixarmos a palavra de Deus, para servirmos às mesas. Irmãos, é melhor procurardes entre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria; confiar-lhes-emos essa tarefa. Quanto a nós, entregar-nos-emos assiduamente à oração e ao serviço da palavra. A proposta agradou a toda a assembleia e escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Procuro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Foram apresentados aos Apóstolos que, depois de orarem, lhes impuseram as mãos.» (Actos 1, 1-6).
A Hierarquia da Igreja tem 3 graus diferentes, conferidos pelo Sacramento da Ordem: Episcopado ou Bispo, Presbítero ou Sacerdote (Padre) e Diácono. Vem da palavra grega diakonia e significa serviço. Após os primeiros séculos do cristianismo, a Igreja quase perdeu este rico ministério ordenado, por vários séculos, permanecendo, no entanto, como uma forma ou Ordem transitória, isto é, um último passo ou degrau antes de ser ordenado sacerdote. Uma das grandes reformas que o último Concílio Vaticano II instituiu foi a Ordem do Diaconato: «No grau inferior da Hierarquia estão os diáconos que recebem a imposição das mãos, “não para o sacerdócio mas para o ministério”. Assim, confortados pela graça sacramental, servem o Povo de Deus nos ministérios da liturgia, da palavra e da caridade, em comunhão com o Bispo e o seu presbitério. Pertence ao diácono, conforme as determinações da autoridade competente, administrar o Baptismo solene, conservar e distribuir a Eucaristia, assistir em nome da Igreja aos matrimónios e abençoá-los, levar o Viático aos moribundos, ler a Sagrada Escritura aos fiéis, instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à oração dos fiéis, administrar alguns sacramentos, e presidir aos ritos dos funerais e da sepultura).» (Lumen Gentium, 29).
Como vê, Inês, essa figura eclesiástica, além de exercer outras ministérios pode assistir, em nome da Igreja, isto é, ser Testemunha Oficial da Igreja, aos matrimónios ou casamentos, assim como quando qualquer Bispo ou Sacerdote preside à celebração deste Sacramento só o faz na qualidade de testemunha oficial, porque os Ministros deste Sacramento são os noivos. De certeza, que já ouviu muitos casais dizerem: “foi o Senhor Bispo tal ou o Sr Padre ou o Sr Diácono que nos casou” e, como se depara do texto conciliar citado, não é correcto! Talvez sirva para envaidecer alguns noivos e até muitos Pais, mas no entanto, é bom conhecer a doutrina. Que Deus a abençoe,
Prior